No meu ouvido sussurra o espírito:
- Sempre em frente!
Mas eu, de braços dados com o anjo,
acendo um cigarro nas chamas do caos
e, sobre uma montanha de escombros,
olha para traz
para ver o futuro
De fato
De fado
Não gosto
Posto
E saio correndo
Quando paro
Cansado
Olho para o passado
Olho para o futuro
Escorro
diluído
Pelo furo
do destino
Mas
De fato
De fado
Não gosto
Seu juiz lhe apresento
o seguinte requerimento:
peço a vossa excelência
caso não tenha ciência
do mal que fez a cidade
saiba que ainda é tempo
de usar qualquer argumento
e desfazer o malfeito
pra reparar o defeito
e deixar sem problema
"a prefeitura sem prefeito"
E.X.
(Lembrando de Patativa)
Está por dentro da pele,
está correndo no sangue,
está escrito no gene
e não há quem apague.
Se está em sua cabeça,
guardado em sua cabaça,
deitado em sua esteira,
é barro que não se enxague
Antes que tarda,
parda.
Antes que escureça,
cresça.
E se deu branco?
Se deu branco esqueça!
[de noite todos os gatos são...]
Passo a passo cambaleia
sobre a areia
a menina
ao encontro do mar.
Sem par,
é sempre
a primeira vez.
Eu, gato escaldado,
observo a sombra e guardo na memória,
em algum lugar profundo.
Com medo do sol e do mundo
que ele vez em quando ilumina,
vez em quando queima.
A menina, o mar e o infinito
habitam aquele momento.