domingo, 11 de dezembro de 2011

Mais-valia
meu trabalho
na mão
e a burguesia
voando
Ai de mim
meu hai kai
no fio
da lámina ronin
Já tracei a minha
meta
chova ou faça
sol
de noite
vou ser poeta

quarta-feira, 23 de novembro de 2011

Depois de criar gente
deus cria a dor, indiferente.
Gente, mal começa a pensar,
imagina!
cria logo a novalgina
pra se rebelar

domingo, 6 de novembro de 2011

O que é!

Me fio nas palavras deixadas ao ar
No que sobra do real e imaginário
No que é concreto e no que é lendário
Nas vítimas da vida
Nas dores do mundo
Elevo pra superfície
O que é profundo
E levo pro fundo
O que envenena os ares
Se vôo ao sabor dos ventos
E galopo seguro sobre as marés
É por confiar no meu próprio braço
Que no desespero e no cansaço
Me mostrou ser o que é

terça-feira, 1 de novembro de 2011

Um velho louco se debruça
sobre as janelas do pensamento
onde o verbo se faz carne
e do caos brota o mundo

Mira-se no espelho de Narciso
molda o esterco com as mãos
dando-lhe forma e conteúdo
um escarro, porém, lhe dá vida

O velho fica a esgueirar-se
espionando sua criação
dia após dia fica se escondendo
a rir do seu patético brinquedo

No brilho doentio de seus olhos
pode-se ver o azul celeste
e na aridez de sua pele
todas as chagas do mundo

os mais divinos entorpecentes
o levam aos desertos do norte
o levam a terra de púrpura
e todo mundo conhecido

Dias e noites...dias e noite
o ciclo infinito da existência
razão cósmica insuprimível
geradora da total insanidade

O velho aguarda aborrecido
por infindáveis anos a fio
no tédio da ridícula onisciência
a morte que teima em não vingar.

terça-feira, 11 de outubro de 2011

Penso logo resisto
a contradição do mundo
acaba com isso?
penso logo resisto

sexta-feira, 30 de setembro de 2011

Nota de rodapé
ou trecho suprimido
anjos
são demônios subidos

domingo, 18 de setembro de 2011

Torto,
errado e sem nexo
me assento
circumplexo
em cima seu sexo.

segunda-feira, 5 de setembro de 2011

Noite, dia
prosa e poesia
gozo e agonia
vida, morte
e o inverso

tudo cabe
no meu
universo
verso
verso
verso

quinta-feira, 30 de junho de 2011

Bebo, rio e risco
No fundo do copo
O osso do ofício

sexta-feira, 17 de junho de 2011

Amar demais consome
O beijo, a saliva, a fome
O dedo, o anel, o nome
No final das contas
Soma-se um
Some-se outro.

sexta-feira, 29 de abril de 2011

Nem pro inferno
Nem pro céu
Preto
no branco do papel.

quarta-feira, 20 de abril de 2011

Feitiço (de aqui e lá)

Moça bonita, olhos de gazela
Patas, passos de bicho do mato
Lentamente arranhando o asfalto
Cascos no caldo do groso da noite

Sibilina, moça traiçoeira
Ainda morro de falta da sua mordida
Rastejando sobre a armadilha
Escama fina vem roçar a minha pele

Predadora, ave de rapina
Moça morena, com a lua prateada
Silenciosa voa a madrugada
E te acolhe seus galhos sombrios.

terça-feira, 5 de abril de 2011

A retórica cobriu com um manto
A estética rasgou o véu
A retórica se encheu de espanto
A estética cobriu de mel
A retórica lambeu o pote
A estética cuspiu no prato
A retórica pegou o mote
A estética rasgou contrato

Aparência
Aparência
Aparência

Aparência é a essência da arte!

quarta-feira, 30 de março de 2011

As duas horas da tarde
Sonhos incômodos
Dançam sob meu colchão
Afundando a cama a cada paço
Como num passe de mágica
Sonhos vêm, sonhos vão
Pesados como chumbo
Ou leves como algodão
Sonhos de hora errada
Sonhos de perdição
No calor de meu quarto
Sujo e escuro vão
Me afundo e perco as horas
As duas horas da tarde.

sexta-feira, 4 de fevereiro de 2011

Acalanto

Acalanto, lento acalanto.
Deixa-me dormir
As portas do meu amor
Ter o vento da noite
como cobertor.

Dorme, dorme, dor do meu peito
Que eu canto pra ti nessa noite escura
Dorme, dorme dor e amargura
Que eu canto pra ti nessa noite escura.

Melancólica é a melodia
Que embala noite
Que avança ao dia
Que me traz o vinho, a vida, a poesia.

Dorme, dorme que eu canto pra ti nessa noite escura.

quinta-feira, 20 de janeiro de 2011

Silenciosa a mente.
Ouço o tic-tac
do meu relógio digital.

terça-feira, 18 de janeiro de 2011

PORRADA!
Um discurso
curto e grosso.