sábado, 21 de março de 2020

Recolho as pedras do caminho
e faço a minha barricada
A revolução não vai ser televisionada
nem precisará de facebook
por enquanto
eu aguardo ansioso
e trabalho com as formigas
por que, mais dia menos dia
isso tudo vai explodir
a burguesia vai cair,
a branquetude,
o patriarcado.
E aí! Você fica de que lado
Brado: Para onde foi o sangue derramado
das veias abertas da América Latina?
Alimenta a fina flor da insurreição!
no meu peito
um coração que ninguém manda,
no meu peito
um coração que pulsa
junto a cada povo que se levanta.
Anda!
Caminha!
Avança!
Já foi plantada a semente da revolta...
Pra senzala ninguém volta!
me solta
que hoje nada está tranquilo
creio ter ouvido um estribilho:
"De pé ó vítimas da fome!"
Do outro lado alguém grita meu nome:
"Ô Zé Povinho!"
Recolho e atiro as pedras do caminho.
Em cada país do terceiro mundo
uma intífada
a revolução não vai passar no fantástico
ou irromper no Faustão
Não!
Os plebeus que se conformem
com o grito ensurdecedor das ruas.
Jovens mascarados
e moças nuas...
é a vida que explode como se transformasse em carnaval
(não vejo nisso nenhum mal).
A verdade vai bater em sua porta e lhe disser:
não espero nem mais um instante!
Isso mais dia ou menos dia
mas, não espere sentado
por que não vai ser televisionado
e nem vai passar
em um cinema perto de você.

Sonhar,
mergulhar
no
desejo
e ficar
como
em
âmbar.